quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Diversidade genética e técnicas biotecnológicas

A diversidade genética junto com os fatores abióticos é responsável pela manutenção do equilíbrio e estabilidade dos ecossistemas, e constitui fonte inestimável de recursos econômicos. Dessa forma, a diversidade genética, além do seu valor intrínseco, agrega valor ecológico, genético, social, econômico, científico, educacional, cultural, recreativo e estético (DIAS, 2000).
 A biodiversidade ou diversidade biológica refere-se à variedade de vida no planeta terra, incluindo: a variedade genética dentro das populações e espécies; a variedade de espécies da flora, da fauna e de microrganismos; a variedade de funções ecológicas desempenhadas pelos organismos nos ecossistemas; e a variedade de comunidades, habitats e ecossistemas formados pelos organismos (DIAS, 2000).
O Brasil é considerado hoje o país da megadiversidade, uma vez que detém a maior diversidade biológica do planeta, tanto em relação às potencialidades genéticas quanto em relação ao número de espécies e de ecossistemas (ODALIA-RÍMOLI et al., 2000). Além disso, apresenta notável participação (20%) dos estoques de água doce no mundo, absorvendo ainda imensos estoques de carbono, os quais são de extrema importância na regulação do clima regional e global (VERÍSSIMO, 2006).
 Quanto ao número total de espécies, Becker, Ramos e Moura (2006) destacam o Brasil como:
Primeiro lugar em número de plantas (55 mil espécies vegetais).
Primeiro lugar em anfíbios (517 espécies, sendo 294 endêmicas do território brasileiro). Segunda lugar em mamíferos (524 espécies).
Terceiro lugar em relação a aves (1.667 espécies).
Quarto lugar no que se refere a répteis (468 espécies).
A diversidade biológica brasileira está representada também pela grande variedade de biomas continentais:
Amazônia, como a maior floresta tropical remanescente, com 40% das florestas tropicais do planeta;
Cerrado, incluindo campos rupestres, com cerca de 2 milhões de Km2;
Mata Atlântica, que se estende do sul ao nordeste, em uma área de cerca de 1,1 milhão de Km2;
Caatinga, com vastas extensões semiáridas, incluindo as matas decíduas e remanescentes de florestas úmidas, com uma área de mais de 844 mil Km2;
Pampa, restrito ao Rio Grande do Sul, que se define por um conjunto de vegetação de campo em relevo de planície, com uma área de mais de 176 mil Km2, e o
Pantanal Mato-grossense, que representa a mais significativa área úmida conhecida, com cerca de 150 mil Km2 em território brasileiro (ITAQUI, 2002).

Fatores que levam à perda da biodiversidade
A crescente pressão social e a utilização desordenada dos recursos naturais pela população.
A fragmentação, onde essa é o isolamento de áreas contínuas de florestas por intermédio da transformação da paisagem circundante em outras formas de ocupação e uso da terra.
O maior impacto do processo de fragmentação florestal, causado pela exploração predatória, é a drástica redução da diversidade genética e mudanças no microclima.
A perda da biodiversidade pela degradação das florestas aparece sob a forma de erosão do solo, danos aos habitats silvestres e degradação das áreas de bacias, deterioração da qualidade da vida e redução das opções de usos dos recursos para a promoção do desenvolvimento local (SIMINSKI et al., 2004). 

Veja abaixo alguns animais que estão em extinção no Brasil:
Disponível em < http://igoraguiar.blogspot.com.br/2012_01_01_archive.html >. Acesso em 27 de fevereiro de 2013.

Técnicas moleculares e o seu uso na avaliação e conservação da biodiversidade
O advento de técnicas bioquímicas e moleculares baseadas na análise de polimorfismo de isoenzimas e fragmentos de DNA, possibilitaram a rápida proliferação do uso de marcadores moleculares no estudo de aspectos básicos de genética vegetal, bem como em programas de melhoramento genético (FERREIRA; GRATTAPAGLIA, 1998; FERREIRA, 2001).
Dessa forma, as técnicas moleculares apresentadas e discutidas a seguir, possuem a capacidade de amostrar o genoma em diferentes regiões, codificantes ou repetitivas, conservadas ou altamente mutáveis, podendo ser divididas em dois grupos: técnicas baseadas na amplificação de sequências de DNA e técnicas baseadas em hibridização de ácidos nucleicos.

Isoenzimas
Definidas por um grupo de múltiplas formas moleculares da mesma enzima, que ocorre em uma espécie, como resultado da presença de mais de um gene codificando cada uma das enzimas (MOSS, 1982). A análise de isoenzimas é a maneira mais direta e rápida de avaliar genotipicamente muitos locos em um grande número de indivíduos.

Marcadores Derivados Da Reação Da Polimerase Em Cadeia (Pcr)
A classe de marcadores identificados por amplificação do DNA baseia-se na reação da polimerase em cadeia ou Polymerase Chain Reaction (PCR). Essa técnica envolve a síntese enzimática in vitro de milhões de cópias de um segmento específico de DNA na presença da enzima polimerase.
As etapas básicas da PCR são:
Desnaturação do DNA;
Anelamento de oligonucleotídeos (primers) e,
Extensão das cadeias de DNA que estão sendo amplificadas.

Complementando o assunto com vídeos retirados do you tube:

Polymerase Chain Reaction (PCR):


Enzimas de restrições:


Técnicas desenvolvidas a partir da PCR, como RAPD, SSR e AFLP estão sendo de extrema importância em estudos da variabilidade genética.

Marcadores moleculares de amplificação do DNA
Random Amplified Polymorphic DNA (RAPD)
A técnica denominada RAPD (WILLIAMS et al., 1990) é relativamente simples, rápida e de baixos custos. Essa técnica análisa o polimorfismo molecular, permitindo a realização de estudos de análise genética em espécies que antes não era possivel. Diferentemente das demais técnicas de PCR, esta utiliza um único primer composto por 10 pares de bases de sequências arbitrárias com, no mínimo, 50% de conteúdo GC, e o número esperado de produto amplificado é função do comprimento do genoma e do número máximo de bases, passível de ser amplificado pelo DNA polimerase em uso (VIEIRA; VELLO; SILVA-FILHO., 2004).
A técnica de RAPD abriu amplas possibilidades para a biologia da conservação, desde plantas a mamíferos, possibilitando, ainda, um estudo rápido de populações ameaçadas de extinção.

Microssatélite ou Simple Sequence Repeats (SSR)
Os microssatélites são marcadores que consistem de pequenas sequências com um ou quatro nucleotídeos de comprimento, repetidas inúmeras vezes lado a lado e utilizam dois pares de primers específicos (20 a 30 bases) complementares a sequências únicas que flanqueiam o microssatélite.
SSR se apresenta como uma ferramenta extremamente eficiente na identificação e diferenciação de indivíduos, em coleções ex situ de germoplasma para verificar a identidade de dois acessos tidos como duplicados. Em coleções in situ de germoplasma, pode-se estudar a estrutura genética das populações mantidas naquelas condições, assim como em experimentos de seleção assistida e análise de pedigrees (FERREIRA, 2001).

Amplified Fragment Length Polymorphism (AFLP)
A técnica AFLP é uma combinação de RFLP e PCR, envolvendo quatro etapas: digestão do DNA genômico com enzimas de restrição, uma de corte raro e outra de corte frequente; ligação de adaptadores específicos amplificação seletiva de fragmentos com primers específicos; e separação dos fragmentos por eletroforese em gel de policrilamida.
Essa técnica pode ser utilizada na análise da variabilidade genética, análise de bancos de germoplasma, testes de identidade/paternidade e estudos populacionais (FERREIRA, 2001).

Marcadores moleculares de hibridização do DNA
Restriction Fragment Length Polymorphism (RFLP)
Tecnica mais utilizada, baseia-se no corte de DNA genomico por um ou mais enzimas de restrição, geramdo milhares de fragmentos, em seguida os fragmentos são separados pela heletroforese baseando no tamanho. Esses fragmentos são indentificados por uma sonda possuindo uma sequencias de bases complemetares ao fragmentos.
adequada para análise da variabilidade genética intra e interespecífica e mesmo intergenérica, trata-se de uma técnica trabalhosa, de custo elevado e moroso para obtenção de dados, portanto, de baixa acessibilidade (FERREIRA, 2001).

Minissatélites ou Variable Number of Tandem Repeats (VNTR)
Marcadores minissatélites são sequências de DNA cuja unidade repetitiva é observada lado a lado inúmeras vezes em um loco, e que se repetem também em vários outros locos no genomatécnica de alto conteúdo informativo, e capacidade multiplex um dos seus maiores atributos. Dezenas de locos são mostrados em uma única reação, com boa parte deles apresentando polimorfismo entre indivíduos de uma mesma população.

As técnicas biotecnológicas hoje disponíveis oferecem subsídios para a análise, conservação, preservação e melhoramento das espécies que compõem a biodiversidade, tendo em vista que diversas metodologias foram desenvolvidas nos últimos anos, com inúmeras aplicações tanto na área agrícola quanto na área médica. A crescente demanda global nesses setores, aliada à importância da preservação das florestas nativas e da biodiversidade, tornou essencial a adoção de estratégias biotecnológicas, as quais permitem uma análise genética mais acurada, contribuindo dessa forma, na indicação de metodologias para ações de manejo e recuperação de áreas degradadas.

Bibliografia:
SARTORETTO. Laudete. Diversidade genética e técnicas biotecnológicas. Laudete Maria Sartoretto, Paulo Celso Mello Farias. Unoesc & Ciências − ACET, Joaçaba, v. 1, n. 2, p. 155-162, jul./dez. 2010.

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